segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

"Caminhar é um ato revolucionário"



Eu vou caminho
E pego a estrada
E me encontro em algum outro

Eu que também faço movimento estando parada
Eu sou batuque e mãos livres
Enquanto meus olhos com tranquilidade e orgulho
Fitam e recebem o mundo

E todos os que são iguais
Nestes carnavais

Eu expando e permito ar em mim
E sei carregar

Uma magia que me refaz
Em terra dura
Caminhar

O chão Recife
É de quem cria solo

E eu ando a inventar
E estender
O céu

Em mim.

Lucy 22/01/2018 (vindo do Recife)

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Forte e leve



Sempre remar
Para ser forte e leve

Eu sem pressa
Eu com pressa
Preciso o mar

Para me perder
Para me encontrar

Em qualquer outro tempo
Que não o teu
Como sempre
Sou em descompasso

Pouco importa
Meus fios se levam no mar
Elevam

O lugar em que me aceito bem
E me submeto
Em respeito eterno por este verde bravio

Único outro que me aceita sem mal
Sem imagens, sem medo de mim

Eu de energias elétricas no mar não dou choque
Eu pele ardente tenho também sal dentro de mim

Eu que já tanto chorei
Eu que de tão trêmula continuarei a chorar

Eu me viro e qualquer sol me pega
E saio
Você sabe me pegar?

Solta

Eu que sempre soube sair
Visto o costume e fico nua no mar

Depois ainda tenho o mar em mim

Qualquer boa música me soa
E eu sou simples
Em mente descansada
E corpo cansado

Lucy, 17/01/2018

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Oração

Toda prece é algum tipo de esquecimento
Todo amor é o contrário de uma reza
Que se pede para esquecer sem perder
Todo coração é um oco que transborda

E eu latejo dentro do vazio de um violão
O ar que dá espaço a tudo
O ar que dificulta e facilita respirar

A calma buscada no movimento
Que se vê melhor por janelas do que tanto para dentro

E os pés que bendito sejam
Me dão um outro continente quando escolho coragem

Todo movimento me dá seiva
E eu me preencho toda

E me permito desaguar
Em qualquer mar

Descarrega, recarrega, meu corpo
Em coração

Lucy 05/01/2018

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Eu guio


Cheiro doce de cana-de-açúcar
Embala meu caminho
Que meus pés dirigem

A distância é absoluta
E relativa

É uma decisão

As velocidades em que me inspiro ser
Os laços que decido ter

Percorro no vento e me guio
Para as minhas certezas

A escolha é só
Uma companhia-paz

Às vezes um carinho
Às vezes sozinha

Em qualquer cidade eu te sacolejo de mim
E não preciso saber
De quaisquer dúvidas

Apenas retornar para meu endereço
A despistar desconsiderações
Para ser toda leve

Qualquer estrada
E todo Mar

Lucy 03/01/2018