terça-feira, 30 de outubro de 2018

Estorvo


(tenho sonhado muito)
 
Hoje sonhei que estava em um avião
Parecia tudo bem
Até que nuvens se descortinam e vejo
- Bem em cima –
Um quase bater em outro avião
O piloto conseguiu desviar

E é meio sem controle que consigo ver
Em um lusco-fusco
Vários outros aviões abandonados
Embora ainda pairando pelo ar (?!)
Tomados pelo fogo
Nenhuma vida ali por fora

Depois de um repentino alívio percebo
Que o nosso avião não recuperou controle
E tem água
E o avião cai pro grande lago

Acordo de repente! Querendo interromper minha morte
E pensando que eu não saberia encontrar a saída
Que a pressão da água não me faria conseguir abrir a porta
E eu também não sei, de onde estou,
Onde está a porta

Acordo e está quente demais
Em meu corpo inquieto ainda me atacaram várias muriçocas
- Sacanagem ainda terem tantas muriçocas hoje -
Enquanto minha garganta ainda dói - chega no ouvido -
Desconforto

São quatro horas da manhã agora, eram três quando acordei
Eu tomei banho, enchi-me de repelente, liguei o ventilador no 3
E ainda assim

Não consigo

(amanhã darei aulas sem voz)

É sintomático?

Dormir às vezes vem com a leveza de não saber.

Lucy, 30/10/2018

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Interna Luz


Eu
Do alto do meu castelo
- que pisa no chão –
Mandarei cores diversas em luzes

Esperarei amores de volta

Que virão de mim
E me protegem de ti

Inconsequente

Eu
Que sei que meu repúdio de ti
Descrito em tantos sensatos tons
Não lhe atinge

(Sensatez
É palavra estrangeira
Que não convém)

Eu por aqui ainda junto
Resquícios de cooperação
De algum coletivo

De algum elo

Que deve ser longínquo
Para ainda desabrochar em energia

Depois de ti

Lucy, 23/10/2018

domingo, 14 de outubro de 2018

Repartidos


Se dizem que terei agora de criar analogias
Para falar a verdade
Em qual planeta se construiu
Essa desconstrução de ser humano?

Eu não sei
Eu não sei em qual parte
Eu posso ser interna
Sem ser também externa

Barbaridades que vão ganhando corpo
E se aproximando

Tentamos desfazer o nó
E está cerrado

Onde ficou a doçura do samba?
Onde ficou o sorriso da graça?
Desta nação?

Eu me viro e tudo é partido
Em destroços

Uma bandeira
Que chora

E ainda assim

Teu ventre odeia

Lucy 14/10/2018

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Ultravioleta


Eu preciso sol
Para calar o silêncio
Para andar bem com o silêncio

Que os ódios em absurdo constroem
Que os amores em absurdo afrontam

Meu corpo retorce e se volta, um pouco,
Para dentro de si

Enquanto eu ainda preciso encontrar senso e carinho em ti

O corpo feito em prece
Às afrontas de uma nação
Que nunca se aceitou em si
Diversa

Enquanto o dia de hoje parece interminável
Algum dia um amanhã
(Que não se sabe como)
Melhor

Senão, também, em oceanos me perco
Encontro
E suavizo em ondas
Uma paz interna e aberta

Enquanto todos os outros sentimentos
Em guerra

Lucy, 11/10/2018