É uma pontada na cabeça
É espaço faltando, espaço
sobrando
É um quarto do lado de mim
Vazio
E me empurrando
Entrando dentro de mim
É pouca coisa
É muita coisa
É tudo isso que eu pedi
E meu corpo digere em tempo
diferente de mim
É ter paciência com meu
corpo
Foi um passado que voltou
Sem anunciar
É a mente que prega peças
E eu não consigo mais te ver
É minha mente confusa
Porque a sede sempre é tão
grande
Que minha vida se equilibra
No contínuo insustentável
De ti, que não me viu
O outro que me perseguiu
De mim que não entendo
Eu perco e perco anos
De algo tradicional que
deveria estar acontecendo
Que eu atropelei e deixei em
algum outro universo
É a pontada na minha alma
Que não me sossega na cama
É a necessidade do sono
E a impossibilidade de
dormir, bem,
Porque os sonhos denunciam
E o acordar anuncia
É o movimento insustentável
De um encontro contínuo
Com alguma barreira
Quando eu me vi tive medo do
espelho
Eu olhei bem forte em meio a
escuridão
Porque não queria a
claridade
E tudo ficou um difuso
enorme
Eu fico extremamente
dividida
Se eu não consigo espalhar
meu corpo no mar
Se eu não consigo fazer arte
no papel
Se eu não consigo correr
numa montanha
Porque a minha vista não
aguenta
O que está dentro de mim
E uma sede sempre me faz
querer ingerir
Algo que possa moldar meu
corpo
E deixar minha alma
Repousar em outro alguém
Em outro ninguém
Que não eu.
Lucy, 16 junho 2013