quarta-feira, 2 de julho de 2014

Ai dos meus ais(!)



Apagam-se os escritos, por favor

As flores já não têm a mesma cor
O perfume mal me importa
Mal me comporta

Fecha-se o dia, com favor
E deixe-me ir
Permita-me ficar, bem, comigo

Meu bem de mim mesma
Já não me faz bem

No precipício derradeiro
Que nunca me permiti cair

Eu vejo as paredes correndo
Contra mim
E gosto de correr em direção
Ao chão

Sem fim

Salve-me se só eu posso
Ao leito de um sem fim
Primeiro

Cansei de ser bem
De ser do bem
Os motivos se fecharam
E eu sou em tempo ruim

Me desculpa, vida,
Por este descompasso
Eu sou sem fim

Com fim
Enfim
Cansada
E sem gana

E vou esperar
Para reencontrar
O pulso de mim que ainda luta

A mim me pesa apenas esta constatação
O peso de ser
E existir

E ter que dormir
Para um amanhã
Que não me atrai
Só me distrai

Eu só
E Ai!

Lucy, 2. Julho 2014.

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