quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A chamada é um sopro



Me chama pra ir pro mar
Que a gente conquista o mundo
Me chama pra rua
Que a gente destrói a rua
E conquista o mundo

Vidas espalhadas rotas pelo chão
Me chama por favor

Eu me jogo para o mundo enquanto não tenho paciência
Eu solto meu corpo
Rodopio com força
Para sentir o vento por baixo das minhas

Cutículas

A 150 por hora, por favor,
Porque eu preciso perder-me de mim
Dos detalhes

E é tudo lindo, porque é liberdade
É se liberar em ar
E se perder
Em cada reencontro

Encontrar-me em cada espaço
Em que permito me perder
E encarar, sedenta, sem medo,

O mar
Em alguma cidade

A gente só tem o que solta.
A gente só se tem quando se dá

Lucy, 22 jan. /2015

domingo, 18 de janeiro de 2015

Verão na linha do Equador



Que é preciso muita calma
Para aceitar esta paisagem
Presente, em que me encharco,
Com bons olhos
Eu vivo tudo isso e aceito, de alguma forma,
Mas atônita, como que, eu, fora de mim,
E agradeço uma certa calma que vem,
Também, disso

Meu coração descompassado

Eu vou para o mar e me entrego
E consigo, ainda, derivar como que totalmente
Livre

Encurralada neste paraíso quente
Em que piso em areias movediças
E não consigo caminhar

E me assombra a memória de um Ti
De um Eu afora
Que tinha mais paz
Mesmo sem mar

Eu pouco escrevo agora porque seria,
Porque sou,
Por um lado ou outro
Mal compreendida
Que adianta falar do que não se sabe
Se pode acontecer?

Mas eu ainda Sonho
Com um silêncio encravado no meu sorriso, distante,
Ainda Penso...
E sentindo este sol, e tentando filtrar
O bom, apesar de todo este mal,

Vivo em despedidas
E, sozinha, quero livrar-me de mim
Mesma, e fugir,
Somente para me proteger...

É, meu “amigo”.
Por aqui nestas terras nordestinas,
                Que também amo,
Já me fizeram mal
Ao fundo do meu ser
Com um sorriso na cara
As palavras e ações
                Quebrando a minha alma
E nem me procuraram (entender)
                Olhos perdidos
E meu corpo ficou muito Exposto
                E agredido

Ele envelhece e tem taquicardia

Amansado por este lindo mar
Mas sem repouso, sem morada,
Sem liberdade, a não ser perdido,
Num Oceano de águas...

Sinto-me bem, e mal, e perdida
Eu era outra, eu sou também outra

E aqui, como magia, perco metade de mim,
Ao toque deste Sol

E destes olhares... nojentos

Tenho tanto a gritar que é nada
Tenho que esperar meu caminhar,
E continuar
E tentar construir memórias
Que me edifiquem...
Para seguir, com alguma paz

Apesar de um desconforto enorme,
Ter até coragem
                De me Amar
                De Amar a tis...

E será tudo Bobagem?
Mas não posso esquecer, de me encontrar,
E aqui, também,
Apesar de ter conquistado a casa

                Faço-me
                Desterrada

Deste lado do Equador

Só caibo
à deriva do mar...

Lucy, 29 Dezembro 2014.