segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Em casa


Olha

Se mais nada
- que eu ainda acho que foi muito –
Você me deu

Um livro

Que eu me dei
Que eu me fiz

A medida do meu corpo
Nas suas palmas

A medida de mim
Antes e depois de ti

Ainda em mim

Se mais nada
Muito ar a percorrer
Entranhas

Se de feridas subtraio

Também eu me construí

Meu corpo e alma
Encaram
As desavenças que me fizeram

No despedaço de corpos
Entendi
E vi
Minhas frações

Que se unem e sabem
Sair leves a dançar

Nunca vítima
Se eu me dou
É porque me amo em mim também

E cada buraco ceifado
É uma casa para água
Vir e me regar

Lucy, 27/08/2018

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Tenho em mim Alimento ar


Minha alma vulnerável
- como a tua -
Se apoia na música
Que também me carrega no ar

Me dá ar

E eu em produção sou toda
Em ondas
E mal sinto

Que este meu quebrável
Já quebrou

Eu tenho ligas

Que vem de um sol de dentro que alimento
Também por fora

Em notas entra felicidade em mim
Enquanto eu silêncio

Tremo sentindo suave
Em uma crueza
De ser humano

Não precisa ser racional

Se eu me dou
É porque me tenho

Lucy 10/08/2018

sábado, 4 de agosto de 2018

Repouso


Eu que tenho muitas vontades
Preciso retornar à estaca zero
Preciso ser luz apesar das sombras
Não me curvar a ti

Eu que sou plena
Ainda me sofro em ti
Preciso ter calma

Para não recorrer Um erro

Eu que no sol não precisei
Nada mais

Era uma paisagem ofuscante
E eu dentro dela
Uma terra entrando no mar
Com verde em pontas
Que lhe dão
Grama, cactos e coqueiros

Era muita água de mar
Resplandecendo por sol
E eu a boiar

É o meu pesado que também me permite
Pousar

Eu desconstruo te desconstruo e me construo
A fazer pontes

Que se não te dão a mim
Me levam a mim

Que no mar entro e finco raízes
A derivar

Lucy 04/08/2018