terça-feira, 29 de outubro de 2019

A noite que (te) mostra e cala


Entre os três (ou quatro) anos
Que nos separam
Existiram várias noites
Que te separaram de ti

A repetição é hábito
Que dá cegueira

Alguns vivem isso por anos
Outros se perdem para sempre
E vão rastrear no chão
O cerne que viria de si

É areia desviando entre dedos
É um novo que não deixa nada ser

Na calada da noite
Em que entorpeço, entorpeces
E o quanto que te mostras por lá
É o quanto perdes de ti

Em costume a transgressão
Já não revoluciona

Eu já encontrei essa corrida
Mas me mantenho em luz, calma
A fazer fotossíntese
Mesmo se só
Mesmo em casa

Porque encontrar ar e caminho
É permitir semear calma
Em si

Lucy 29/10/2019

domingo, 20 de outubro de 2019

Feliz (c)idade

Chego perto de virar
Mais um ciclo pessoal
E o ano que eu fui à China
Foi também o ano de muitas progressões
Retirar máscaras
Ver
E semear lutas com alguma paz
Trocar de pele em mim

O ano que virei a terra dos dois lados
Meu corpo também sentiu
Anda achando que não tem espaço para tanta alma
Mas eu persisto

Com a leveza de ter encontrado, e criado,
Casa
Com corações
(Teve festa encharcada de sol e regalos!)

A felicidade dessa virada
Vem de tantos espelhos lindos de mim
Em outros
E me estendo...

A felicidade da virada também é pelo que há
De vir
Que há muito mais interessante a fazer
Muitas caixas para preencher, para mudar de lugar,
Para construir vida
E muito corpo, ainda, para jogar
Em sol e mar

E nos coletivos que posso tecer
Para também estar bem, só,
Em mim

E aqui

Lucy, 20/10/2019