segunda-feira, 24 de novembro de 2014

(não se) Dar por vencido

É necessário um estrangeiro para te valorizar
É necessário a sensação da perda
Para guardar, com bons olhos,
Os sentimentos da tua pele

Que respira hoje e se despede amanhã

Na cidade e nos rios, nas casas
O nosso olho está fincado sempre
Na outra margem de algum rio

Nosso coração,
Tão aceleradamente correndo atrás da liberdade
Te atropela

E nosso chão
Tão certamente nos puxando para si
Sofre os efeitos do nosso peso

É de nossa cabeça e coração, também, ousar,
E reinventar nosso corpo

Querer tudo sim
E nada não

Nada em vão.


Lucy, 24.11.2014

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Do lado de lá



É que se o homem
Com toda a sua grande sabedoria
Fez-lhe mal

Não desespere
Há ainda por aí a natureza
A quebrar-te a paisagem
Que não privilegia

Do lado de lá do rio se vê
A margem de cá
Olhos melhores?

Do lado de lá ainda se tem
Uma perspectiva
Que te salva de ti mesmo

Se tu não inflares o peito
E manteres o pé no chão
Tu terás em medida teus passos

Resguarda aquele que não se infla
Porque esquecido

Estar no seio do desconhecido
É sobreviver
Sem se coagir

Estar perdido e sem amparo
É ainda algo bom

Olhares para todos os lados

E, esquecido
Poder se perder

De si.

Lucy, 13.11.2014