segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Ciranda



Já sei que a felicidade
É estar distraída com a vida
Distraída pela vida
Bem assim livre

Distrair-se também é
Uma arte
Pois todas as dores da vida
Ainda Espreitam
Nas lacunas vazias que preenchem os dias

Que teu sorriso e carinho
Que vem como um presente para mim
Também faz parte
Do livre arbítrio de nada ter
De tudo receber
E de saber se dar

Assim

Ao vento
Ao momento
Ao que pouco, e tudo, importa
Que tudo, e pouco, comporta

E na dúvida dançar
E sorrir
E no sono sonhar
Em delírio se perder

Ser liberdade e assim dar
Ser amor e assim ter
Para dar

Um presente, de cada dia, assim
Tudo dá
Nada pede em troca
E se renova cada dia

Sem perdas
Só ganhos

O chão sempre lá,
Os pés também
E muita música
Para ser encontrada

Com ou sem
Abraços

A dança vem de se aproximar, se soltar,

E segue em ritmo
Uma curva suave cintura
Um pé duro chão
Um olhar

Perdido

Outro Encontrado

Lucy
28/11/2015

domingo, 29 de novembro de 2015

Toda leveza será retribuída



Eu visito o mar
Para saber, que com tantas andanças e mudanças
Ele continua, grandioso
Ali
Igual

E abençoa

Eu visito o mar
Para colocar todas as coisas
Na sua real perspectiva

Porque a casa verdadeira é a que não limita
Porque eu sou sem limites

Porque ele me permite
Ser, em parte, mero repouso de sol

Porque as águas em ondas me balançam
E me aconchegam
Numa companhia silenciosa
E antiga, de trovões

Porque existe uma violência e calma
No encontro de águas e areias,

E minhas pegadas se perdem

Porque eu preciso me perder

Porque eu me encontro
E sou sem mal

Felicidade entra em mim

Para além-cidade, mesmo que à beira

Eu visito o mar para pedir a bênção
Ao dia novo
A uma mim nova
E sempre igual

Lucy, 29/11/2015

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Em face de tudo

Em uma tela de luz
Artificial

Eu vejo desabafos à toa
A todos
Que deveriam ser soprados
Perto de um ouvido
Ao alcance de um abraço

Eu desconfio
E (tento) abstrair
Há tanta vida
Para ser vivida

Há tanta dor, que só sendo sentida
Para servir

Meus pés ainda contam minha história
Melhor

E no vazio/cheio de minhas horas também há
Muitos lugares e pessoas
Sem registros
Com vividos


Lucy, 18/11/2015

domingo, 20 de setembro de 2015

Exposta



Vem mais um domingo
Um horário inóspito
De uma vida perdida, e sempre,

Encontrada

Eu viro páginas e por trás há a mesma coisa que à frente

Sinto meu corpo no palco, desamparado, e,
Exposta

Em caminhos que me fazem
Eu me perco também

Existem mentiras contadas em meio a verdades
Existem verdades no meio de mentiras

E eu me doo
E me retraio

Existe muita coisa que vem, a-tro-pe-la-da-men-te
Por cima de mim

E eu preciso lembrar de respirar
E não me dar, assim, ao erro
Repetido

Existe falta
E a necessidade de ser

Calma

Existe, apesar de tudo isto,
Um corpo meu e uma vista linda

Onde eu continuamente
Me perco
E me encontro

Acerto erros
E aceito

A troca de pele por dentro de mim
Para expandir meu corpo

Lucy, 20/09/2015

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Casa Ar

A facilidade que eu tenho
De te soltar
É em parte também
A minha vontade de ser livre
O medo da rejeição
E um coração
Tá aqui cardia
 
Desfaço fios com uma ferocidade de vento
E tenho muito medo de parar
E tenho muita saudade do que me deixei
Ficar por aí
 
E tenho plena noção que vivi
E precisei partir
E sei por onde
Posso voltar
Sem nunca voltar
 
A novidade do amanhã
É a minha sede, também,
E é a luz de redescoberta que espero ver, também,
Em seus olhos
Livres
 
Aceito aconchegos
E vou parar
 
Só quando não tiver de pedir
 
E quando as pazes estiverem
Em algum repouso

Lucy, 14/ setembro/ 2015

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Horizonte



Há um silêncio de palavras
Há uma explosão de sentidos

No mar
No meu corpo livre exposto
E molhado

No mar
Existe uma fotossíntese
De águas dando apoio para o corpo
Meu chão-mergulho

E de não precisar mais
Meu olho reflete
Oceano de felicidade

Uma cidade praia
Não é outra qualquer

Um absurdo de civilização
Afronta
Um infinito

E se encaram

Desafiar
É alcançar este limite-praia

Onde se armam
Batalhas e festejos
De encontros tão opostos
De sonho e cálculo
De concreto e água

Enterrando pés na areia, somos,

à deriva da cidade

a derivar cidade

Lucy, 04/09/2015